DO MEU ÂNGULO SOBRE A MORTE

Filosofia de vida, Inspirações, Sem categoria
Quaresmeiras 26.05.20

A morte não me assusta e nem me intimida. Tenho plena ciência das minha palavras e no dia em que mudarem, morri. Sei que nos dias que estamos vivendo, declarar um pensamento como este, é uma ofensa. Pois não estamos preparado para lidar com a morte, repudiamos o assunto e qualquer afirmação contrário ao padrão social. Então talvez, você não passe destas linhas e encerre sua leitura aqui.
Se tivéssemos consciência, que a morte é simplesmente o nome dado ao “fim de um ciclo da natureza”, seria simples entender o valor do caminho que a precede, nossa vida. Entenderíamos que ela, a morte, faz mais parte da vida, do que é a vida em sí. Morte é ação viva da natureza. Assim como o nascimento, a morte é a entrega de uma natureza à outra, que é misteriosa… e que devemos gratidão por isso! Pois se assim não fosse, iríamos desprezá-la assim como muitos fazem com a vida. Se assim não fosse, a morte não despertaria em nós o valor que a vida tem, então nos daríamos ao luxo de desperdiçar o maior presente da natureza, viver.

É hipocrisia falar que viver é lindo, quando se apenas “ler” em palavras que floresceram de dores profundas que você não sentiu, de lágrimas que não te regaram e de tombos que não te fortificaram.
Há dias em que viver é simplesmente doloroso, seja pela ausência, pela privação de um corpo doente, pelo coração partido, seja pela dor de saudades, de sentimento de impotência, ou até da morte de um querido.
A dor é o sintoma da própria vida, que te desperta e se te fortalece.
A dor, assim como a vida, é um ciclo. Ter essa consciência e aceitar esse ciclo natural, não diminui as dores da vida, mas faz com que elas não se prolonguem e você ganhe mais tempo com a vida. Até a aceitação em sí, é um ciclo. A dor de perder alguém amado, por exemplo, é viver como um pêndulo, um dia o movimento violento dos sentimentos, irá se estabilizar em saudades e não em tristeza profunda. A dor é a velha amiga grosseira e sincerona, que temos em comum com a vida e a morte. Ela que nos faz valorizar e não desperdiçar a vida. Consegue entender?

E a beleza do viver está na ousadia de fazê-lo. Se a dor é grande que você não consiga criar força, permita-se chorar sim! As lágrimas podem ser a rega que faltava para brotar a força. Respire fundo, quantas vezes for preciso. E contemple esse momento de florescimento com orgulho da sua própria força! Não é feio reconhecer que está sendo forte, é justo e é saudável, pois só você sabe do seu esforço. Isso irá te levantar! Se permitir viver, é permitir a superação de ciclos que completa o ciclo da própria vida. Não viva morto.

No meu íntimo existe medo, e não é da morte, é do desperdício de vida. Tenho medo de desperdiçá-la me entregando à um trabalho que me mata, tenho medo de desperdiçá-la me entregando a quem não me valoriza e à opinião alheia. Tenho medo de descuidar da minha vida à imprudência e à uma vida programada por outras pessoas. Tenho medo de não viver meu sonhos presa em jaulas mentais e físicas. Tenho medo de chegar ao grande encontro com a morte, e me arrepender de não ter sido eu mesma por medo de julgamentos ou para agradar qualquer um. Tenho medo de não ter ficado mais tempo com meus amados, tenho medo de não ter vivido o simples, medo de não senti mais vezes um raio de sol aquecer minha pele no alvorecer, medo de não me arrepiar com um banho gelado de cachoeira e medo não olhar para o céu e respirar com gratidão. Tenho medo de abreviar a minha vida. Tenho medo de morrer triste. Vivo aprendendo a deixar de ter medo, mas sei que estes medos eu faço questão de preservar. Eles me fazem viver.

Aos meus amados, quando for minha hora, só peço que não fiquem tristes, vivam o seu presente chamado vida, ele não acabou, a hora terá sido a minha. Vivam despertos e entregues ao amor, pois no caminho da vida até a morte, ele será combustível o calçado que te poupará dos calos.

Viver é uma experiência eterna até acontecer a experiência única da morte. Quantas chances não? E nos dias de hoje, acredito que você vai me entender, se eu te falar que viver com prudência é responsabilidade. Afinal, a vida daqueles que você ama, tem o mesmo valor que a sua.

Valorizo a vida e respeito a morte sem temer nosso encontro.
Vivo para que chegue no tempo dela. Mas se ela for apressadinha em me abraçar, será acolhida com perfume de uma vida florida.

Floresça! Apenas.

Love
Aline Coill

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