CAMINHADA NOVA

Saúde

Há momentos na vida em que se deveria calar e deixar que o silêncio falasse ao coração, pois há emoções que as palavras não sabem traduzir.

Jacques Prévert

Saindo de uma depressão, e já com as crises de ansiedade controladas, me descubro grávida. Não havia como, mas…sim, engravidei. Ouvi de 3 obstetras, que do jeito que foi, está gravidez “era para ser”…, mas que também, o caminho seria um tanto delicado.

Até meados do quinto mês, houve bastante vômito, náuseas, e desidratações, que me levaram aos desmaios e a perda de peso além do limite. Foi fisicamente debilitante…, mas, essa situação segurou o meu emocional, já que, eu ainda estava começando a aceitar a nova realidade…ser mãe, pois nunca foi meu desejo.

Me achava bem resolvida com este assunto, entendi que se Deus mandasse um filho, ainda sabendo que eu não poderia sem me colocar em risco, é porque Ele já sabia que eu daria conta. Então ok… eu pensava isso, rsrs… só não acreditava mesmo que um dia fosse acontecer… e ainda menos da forma que está sendo.

Foi uma fase de luto pessoal… precisei me despedir de mim, desde o dia do positivo. Positivo este, que foi checado por uma médica desconfiada, pois mesmo grávida, eu seguia com 2 meses de menstruação em dia… então eu não iria mesmo desconfiar, né.

Com a confirmação da gravidez, interrompi os exames de investigação do TDAH e um suposto aneurisma, solicitados pela neurologista… os exames teriam que ficar para depois do nascimento.

Apesar de estar saindo de uma depressão, a fobia social, ainda continuava existindo em mim, mas contida (já que, eu só ficava deitada e vomitando na primeira fase da gestação). Só de pensar a minha casa recebendo visitas, era o gatilho certo para desencadear as crises, que pioravam com as náuseas. O meu exercício interno de colocar limite nas pessoas começaram já por aqui. E com tudo isso junto, mais outras situações de saúde, o lugar que mais estive em 2023 foram os hospitais… fiz novos amigos rsrs.

Os enjoos e os desmaios passaram, quando já estava caminhando para o sexto mês. Então, quando achei que haveria um respiro, comecei a ter ameaças de abortos e sangramentos ao passar por certos “nervosos” (vamos chamar assim), que eu passava com alguns CPFs invasivos. Sobre isso, é impressionante, a falta de empatia com gestantes. Até o Carlos, meu esposo, não curtia quando ouvia um “gravidez não é doença”. E em um momento que eu não poderia passar mais nervoso, o inesperado aconteceu…

O Carlos sofreu um AVC hemorrágico gravíssimo… ele teve outra oportunidade de vida, pois não era para estar vivo. Ouvi do médico, que, “se sobrevivesse, ficaria acamado”, pela gravidade do sangramento. Segundo o neurocirurgião, foi um sangramento espontâneo causado por um pico de pressão. O que surpreendeu os médicos e cirurgiões, por ele ser tão novo e os exames estarem ótimos. O sangramento foi intenso, foi profundo no encéfalo e foi gravíssimo em todos os sentidos… paralisou todo o lado esquerdo dele. Ele foi resgatado a tempo, fez cirurgia, e entre UTI e internação, passamos algumas semanas no hospital (hoje estamos em casa). Ele está em reabilitação com físio e fonoterapia. Já consegue dar os primeiros passos sozinhos, ainda limitado, mas evoluindo meses em semanas. Ele está vivendo um milagre e uma nova oportunidade. E eu, desde o dia do ocorrido até agora, sigo em estado de anestesia… vivendo uma calma que não é minha, sem me abalar com o quadro dele… porque literalmente, D’us está me segurando por dentro… eu sozinha com os meus medos, não daria conta dos sentimentos.

Quem esteve perto, presenciou a minha frieza, o meu silêncio e a minha postura curta e direta diante de todo o horror que foi. Esta só eu mantendo o equilíbrio interno. Pois, assim, além de proteger a minha filha, ninguém precisaria de uma grávida abalada e passando mal naquele momento. Tamanha foi a calmaria que D’us me submeteu, que eu poderia até mesmo assistir os neurocirurgiões abrindo o crânio dele, que não me abalaria.

Apesar da calma, não foi fácil ver um homem forte como ele no chão… minha memória fotográfica praticamente revive cada detalhe da cena, que foi aquele momento e cada procedimento na UTI. Não foi fácil, doía, mas com toda calma e frieza, eu prestava atenção como um cuidado que colocava em dobro com a pessoa que eu mais amo. Ao mesmo tempo, eu precisava cuidar de mim, por ele e pela minha filha. Doeu vê-lo entubado e saindo da sedação, sentindo sede e não poder dar água, querendo andar e não poder. Não foi fácil ouvir, que se ele sobrevivesse, não voltaria a cantar ou a tocar, e que ficaria em uma cama na melhor das hipóteses, já que o quadro do momento, era um sangramento imenso e profundo em áreas motoras do cérebro.

A gravidez era a luz da vida do Carlos, sempre foi sonho dele ser pai. E o mais desafiador, para o meu coração no meio de toda a situação? Além de vê-lo lutando para no mínimo, estar apto a ajudar cuidar da filha?… é ainda hoje, eu segurar a minha fobia social para não aflorar novamente, principalmente enquanto grávida, para não evoluir para uma depressão pós parto… Pois, por necessidade, a minha casa ficou cheia…, e algumas pessoas perderam noção dos limites de comportamento e respeito, o quem me trouxe muito transtorno e novas ameaças de aborto no meio dessa situação toda.

Por fim, nossa vida foi virada de cabeça para baixo, e o pouco que restou, estamos tentando preservar e lutando para recuperar o que for possível. Fisicamente, a rotina é intensa. Emocionalmente, a minha fobia social, é a que mais grita internamente pedindo para sair deste estado de anestesia… e junto com ela, há uma fila desesperadora de emoções querendo aproveitar o escape e tomar conta. Se é o auto controle dando conta? Talvez, mas ainda sei que tem a mão de Deus me ajudando até nesta parte.

Este é só o relato/desabafo superficial da história até agora, visto do meu angulo e exposição das minhas dores. Há uma confiança inabalável nEle, de que independente do desfecho positivo ou negativo, Ele tem um propósito, e que só Ele vai continuar me sustentando, como já tem feito nesta jornada.

Naturalmente, em alguns setores da vida, precisei reajustar a rota e purificar o combustível interno. Vivendo agora esta nova jornada de vida, estou condicionada a um novo procedimento interno de auto lapidação, com o entendimento de um propósito de amadurecimento, e com o radar do discernimento recalibrado. Descobri que ainda estou tentando entregar o coração nas mãos de D’us. Sim, eu achava que já tinha feito isso há muito tempo, mas vi que ainda não havia feito efetivamente. Havia feito em partes ou só o que eu tinha consciência.

Esta tomada de consciência, refletiu diretamente no meu modo de trabalhar. Se por um lado, a rotina de cuidados com o Carlos e as limitações da gravidez levou o meu tempo à quase zero, por outro, o pouco tempo que tive, ou as madrugadas sem dormir, se tornaram oportunidades certeiras para o criar. Aquele restinho de tempo se tornou precioso, oportuno e renovador. Assim nasceram novos Amuletos e novos projetos. Nesta imersão, nesta nova jornada para dentro que estou vivendo, o canal foi reaberto para novas potências, que ganharão a peles e corações…., pois já estão na alma de seus portadores.

Este também é um breve relato de renascimentos. Exposição de cinzas que ainda estão queimando, enquanto uma nova forma de ser está nascendo. Há muito aprendizado para ser compartilhado com tudo o que vivenciei, há muito aprendizado novo vindo na minha direção, e muitos outros que nem imagino viver, mas que quero trazer aqui.

Mesmo com esta mudanças na minha vida, o ritmo de aparições, postagens e divulgações, continuarão como sempre foi, ou seja, espontânea no fluxo natural da vida, e quando se fizerem necessária de aparecer. Não posso prometer constância… não seria o natural da vida. Vamos deixar fluir… afinal, o meu ritmo de vida hoje é outro, e ainda mudará mais com a neném chegando.

Como ficam os projetos:

  • As encomendas de projetos para tatuagens serão limitadas por mês, sendo a prioridade para os Amuletos, por possuem datas específicas de manifestação.
  • Ao atingir o limite de encomendas, os próximos entrarão para fila de espera, e serão chamados por ordem de contato.
  • Por enquanto, a agenda para sessão de tatuagens, permanecerá fechada, até que tudo esteja no lugar para retomada.
  • As respostas aos orçamentos, mensagens, Whatsapp e e-mails, serão feitas no período da noite (noite sim e noite) quando eu finalizo todas as atividades do dia e fico disponível. Por isso, coloque todas as informações na mensagem em texto, com todos os detalhes que puder, para que lhe responda com precisão.
  • Há muita mensagem antiga para responder, ainda do período que precisei me ausentar. Estas, terão prioridades na ordem de respostas e nas encomendas. Então se já me escreveu, a sua resposta chegará.
  • Para agilizar e dispor todas as informações de encomendas e personalizações, decidi reabrir o site, um portal que disponibilizará também Amuletos mais delicados.

Obrigada pela paciência, por estar comigo até aqui.

Luz 🤍
Aline

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